26.4.07
A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres. Agora dizemos que Sócrates não serve. E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada. Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates. O problema está em nós. Nós como povo!!!!
Nós como matéria-prima de um país. Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais o que o euro. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciadado que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais. Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.
Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa,co mo se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudoo que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos... e para eles mesmos.
Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porqueconseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se fraudaa declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos.
Pertenço a um país onde a falta de pontualidade é um hábito. Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano. Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os esgotos.
Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.
Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é "muito chato ter que ler") e não há consciência nem memória política, histórica nem económica. Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar a alguns.
Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser "compradas", sem se fazer qualquer exame.
Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não dar-lhe o lugar. Um país no qual a prioridade da passagem é para o carro e não para o peão. Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre acriticar os nossos governantes.
Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado. Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas. Não. Não. Não. Já basta.
Como "matéria-prima" de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que nosso país precisa. Esses defeitos, essa "CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA" congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até converter-se em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, éque é real e honestamente ruim, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não em outra parte...
Fico triste. Porque, ainda que Sócrates fosse embora hoje mesmo, o próximo que o suceder terá que continuar trabalhando com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada...
Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, ma senquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá. Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, e nem serve Sócrates, nem servirá o que vier.
Qual é a alternativa?
Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com af orça e por meio do terror? Aqui faz falta outra coisa.
E enquanto essa "outra coisa" não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados....igualmente abusados!
É muito bom ser português. Mas quando essa Portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimentocomo Nação, então tudo muda..
Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um Messias.
Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer. Está muito claro... Somos nós que temos que mudar. Sim ,creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a nos acontecer: desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e francamente tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez. Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o responsável, não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim,exigir-lhe) que melhore seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido. Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO.
AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO EM OUTRO LADO.
E você, o que pensa?.... MEDITE!

EDUARDO PRADO COELHO
 
posted by Paula NoGuerra at 26.4.07 |


2 Comments:


At 4/26/2007 7:55 PM, Blogger Alien David Sousa

Senhor Prado, que palavras tão bonitas. Digo-lhe desde já que está errado.
Cavaco serviu. Trabalhou e fez, foi mal compreendido porque a oposição criou uma imagem dele que não correspondia à realidade. Mas meu caro não o compare com o idiota que temos agora a governar o nosso país.
As suas palavras são muito bonitas. Sim acusa-me de muitas coisas. Eu tenho um tecto aonde dormir, tenho um emprego...e sim você a mim pode-me acusar de "preguicite" e de muito mais.

Mas o senhor na sua presunção desmedida esqueceu-se daqueles que NÃO TÊM AONDE DORMIR, NEM O QUE COMER. Então e esses, acusa-os de quê meu senhor? Diga-me uma coisa meu caro: a minha empregada doméstica que tem um filho doente e que trabalha que nem uma escrava, muitas vezes tem de depender da nossa ajuda para ter comida que chegue até ao fim do mês, devido à doença do filho ( os medicamentos são caros meu senhor),ACUSA-A DO QUÊ? De ser pouco trabalhadora?
OU DESTE GOVERNO A TER ENGANADO QUANDO LHE PROMETEU AJUDA E AGORA A DEIXOU CAIR? Então meu senhor? As suas palavras revoltam-me, porque as está a escrever no seu computador, mas não está a olhar para a realidade, está a olhar para uma PARCELA, entende? O senhor é um imbecil.
Existem pessoas neste momento que não sabem se vão ter comida para dar aos filhos este mês e você diz: "ONDE PESSOAS SE QUEIXAM QUE A LUZ E A ÁGUA SÃO SERVIÇOS CAROS"

Porque são!!! Porque para pagar esses serviços...não há dinheirinho para a comida!
Entende meu caro?

Mas para si essas contas são fáceis de pagar, não se esqueça que para outros não o são!

Para finalizar senhor Prado, você deve ter memória curta. Porque as promessas feitas pelo senhor Primeiro-ministro não foram cumpridas. Pelo contrário. O senhor já reparou que em vez de dar ele tirou.

Reparou que os idosos ficaram com menos? Os pensionistas estão na miséria. Os jovens, bem...nem entro por aí...e a taxa de desemprego está nos níveis mais altos de sempre. Será coincidência? Ou este governo não sabe mesmo o que anda a fazer?

Não faça de parvo quem não o é.

As suas palavras revoltam. O senhor do alto da sua inteligência, esqueceu-se que PORTUGAL não é uma PARCELA!

PORTUGAL TEM MUITA GENTE A PASSAR FOME MEU CARO. Muita gente que não são "chicos-espertos", são apenas seres humanos que gostavam de deixar de viver na rua.

Seres humanos que gostavam de dar o melhor aos seus filhos, seres humanos que gostavam DE TER COMIDA NA MESA TODOS OS MESES.

Sem nenhum respeito, você é um IMBECIL. Pense antes de esquecer quem não MERECE SER ESQUECIDO

Mas isto sou só eu
p.s-vá dizer ao sem abrigo que ele TEM DE MUDAR. Olhe para PORTUGAL como um TODO. Se quer MUDAR, não dê carta branca a um governo que nos está a enterrar.

 

At 4/26/2007 8:03 PM, Blogger Alien David Sousa

O PORTUGAL QUE SOMOS??

Não!Neste texto não vi a realidade portuguesa. Vi um pseudo-intelectual que se ESQUECEU DE MENCIONAR O PORTUGAL REAL!

Mas isto sou só eu.